Cais Maua

Em defesa de uma parceria público privada em que o que seja público siga-o, e o que é da privada, siga-a!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Não vamos perder a chance de fazer algo monumental em Porto Alegre



O cais do porto de Porto Alegre pode ser local para uma diversidade de bons projetos:
1)      Um conjunto de piscinas públicas e praia, como no Sena em Paris; 2) um centro de eventos e convenção, coisa que já é. Local para eventos como feira do livro, bienal, eventos da indústria e do comércio; 3) Local para um imenso Brique da redenção, com os mesmos artistas ou com os artistas plásticos com peças mais caras.4) Um jardim botânico; 5) um passeio público, nos moldes de Sevilha e Florianópolis, nos moldes do calçadão de Copacabana. 6) Um distrito cultural, com universidade de cultura, escola de dança, atelier livre da prefeitura e espaço de shows e espaço para a Ospa.
O Projeto que vai a votação na câmara dia 21 pretende transformar o local em uma espécie de calçada da fama. É um projeto bota branca, bolsa Louis Vuitton. Tem espaço para prédio de advogados dentro do rio, para shoping, para um hotel Hilton, para restaurantes Dado Bier. É um projeto da classe média que ostenta, um projeto para a classe ociosa.  É, portanto, um projeto dentro do limitado ideário da classe média: calcado no consumismo, na força da iniciativa privada, que prioriza o carrão estacionado dentro do pier, o prédio de concreto. Um projeto que não dialoga com o rio, não inclui um pé de árvore ou palmeira e passa ao largo da cultura, da ecologia, da beleza e do paisagismo. Portanto um projeto limitado e destituído de visão e coragem como o ideário pusilânime de seus autores. Um projeto “Cachoeirinha”, que bem estaria par uma cidade menor.
        Senhores vereadores: a beleza do Rio de Janeiro não vem de qualquer prédio de escritórios dentro do mar, não vem de nenhum shoping na orla, nem das fumaças de consumo do alto Leblon. Se vamos preparar nossa cidade para o turismo da Copa, não podemos aprovar um projeto que fará do cais do porto uma avenida Farrapos (prédios, sem árvore, muito carro). Não merecemos perder área tão linda para este projeto Blaide Runner que agora o senhores apreciam. O projeto em apreciação, além de um pavor estético e um pavor em termos de meio ambiente, entrega a área para o uso privado (shoping, hotel, prédios para profissionais liberais).
Este projeto tem um principal defeito: põe fora o local que poderia fazer diferença no momento de fazer Porto Alegre uma cidade turística. É o projeto que perde a chance. Um projeto desperdício. Por ser um projeto de pouca qualidade paisagística, vai fazer a cidade perder a chance de construir ali algo como um parque monumental. Por ser um projeto de visão estreita, não vai ser atrativo para um europeu. Por ser um projeto mercantilista e classe média, lhe falta a monumentalidade de uma redenção, de um Champ de Mars em Paris, de um central park em Nova York. É um projeto demasiado Padre Chagas, e pouco monumental, pouco pretensioso, pouco amplo. Falta ao projeto a visão de Niemeyer  no Rio, ou de Jucelino em Brasília, é um projeto que ficaria perfeito para Cachoeirinha, Alvorada, vai tornar nossa cidade menor, não maior. Vai dar ao local uma aparência meio Blade Runner, oprimida por prédios.
Falta mesmo ao projeto uma pretensão mais ampla, que veja no cais a chance de um local que seja o cartão postal da cidade, que seja largo e bonito ao ponto de fazer um turista sair de seu pais para vir ver. Que obviamente, como o calçadão de Copacabana, seja aberto e público. Sabe-se que a intenção do projeto é boa, mas ninguém vai se tocar da Suécia para ver uma nova filial das casas Bahia, senhores vereadores! O que falta ao projeto é visão: se a cidade for mais bela e mais monumental, em qualquer local que a rede Hilton fizer um hotel (até longe do cais), haverá lucro. Não precisa a rede Hilton fazer seu hotel “dentro” da atração turística, pela singela razão que ai ela destrói a atração turística!
Senhores vereadores, senhor Fogaça, não tenham uma visão tão restritiva do que se pode fazer ali. Pensem conosco: vocês podem mais! Pensem como o Obama: sim vocês podem! Vocês podem sonhar mais alto, melhor, mais bonito.  Muito mais do que esta ali. Vamos dar espaço ao impressionante, ao triunfal e não ao arrumadinho. Vamos fazer a área respirar espaço, que a conclusão de um visitante seja: essa é uma população que pensa largo, que tira partido dos seus espaços, essa é uma cidade de pensamento largo. Com o presente projeto a única conclusão de um eventual turista será: por que não fiquei mais um dia no Rio de Janeiro? (com sua praia do Flamengo, com seu Jardim Botânico, com seu calçadão de Ipanema e Copacabana). Por que diabos estão me mosntrando uma torre de escritórios, se poderia ver um rio? Onde vou caminhar, tomar sol, entre tantos prédios?  

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