Cais Maua

Em defesa de uma parceria público privada em que o que seja público siga-o, e o que é da privada, siga-a!

domingo, 5 de agosto de 2012

Por que permissão que não funciona com pedágios, iria funcionar no cais Maua?



O modelo de “permissão” de uma atividade dada pelo estado para a execução ( e ganho) da iniciativa privada não tem funcionado bem. Recentemente o governador do estado do Rio Grande do Sul, referindo-se as concessões das estradas, resumiu estes 20 anos de experiência como uma “mamata” para os empresários. É exatamente o que o povo pensa também.


 E em todos os exemplos nacionais o modelo de concessões é um fiasco. A permissão em telecomunicações não garantiu programas educativos. O modelo de telefonia é marcado mais pelo lucro que pelo investimento. Aposentadoria privada em mãos de bancos foi objeto de interessante artigo de João Ubaldo que resume o fiasco (ver em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,melhor-nao-adoecer-,812535,0.htm ). As operadoras de saúde complementar, em Porto Alegre, não estão fornecendo leitos nem consultas em datas próximas. A energia elétrica é a mais cara que poderia ser. A anvisa é um órgão enviesado pelos interesses econômicos da indústria de genéricos, perseguindo as empresas internacionais. A Anac é uma instituição em que a corrupção e inoperância ainda esta sublinhada com sangue na memória de todos nós.


A realidade do modelo de permissões é muito menos apelativa que a teoria. A distância entre a teoria interessante  e a realidade desapontadora é explicada pela ausência de fiscalização por parte do permissionário.


O modelo de permissões não funciona pois o estado não é um bom fiscalizador do capital. Na verdade, em um desenho de três lados, tendo o capital, o estado e a população em cada vértice, sempre temos o capital e o estado unidos contra a população. O estado é altamente permeável ao capital, em particular no nosso meio. O estado que deveria “fiscalizar” o capital no modelo das permissões, com ou sem dolo, se omite. Muitas vezes lucra junto: quando dá a permissão (escolhendo o Lerner para revitalizar o cais, por exemplo), quando precisa do capital para financiar a próxima campanha eleitoral.  Quando não lucra, não fiscaliza. Não tem estrutura ou interesse em denunciar a “mamata”. O modelo de permissão não funciona pois lhe falta uma fiscalização comprometida com o interesse do público e não do capital: pois não temos estado comprometido com o princípio republicano.


O modelo de concessão por cinquenta anos proposto para o cais Mauá de Porto Alegre também não deve funcionar.. Por que deveria funcionar no cais o que já não deu certo nos pedágios? Na região do cais cabe bem um Parcão público, com ciclovias, sem apelativos de ordem “comercial”, sem edifícios de parking, árvores. O estado é uma aposta melhor que a iniciativa privada para construir este novo Parcão, já que área já é, e deve permanecer pública, para o uso público. O custo de alguns pés de árvore pago eu, é um presente para a cidade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Apontamentos e refrões contrários a edificação da orla do Guaiba


1.       Como é de maquiar de legal e democrático um roubo inconstitucional.
2.      Gaúcho que é gaucho não investe no shopping da orla, shopping palafitas,  shopping gasômetro, nem compra escritórios nas torres gêmeas (torre Yeda, torre Fogaça). Vamos conseguir assustar os exploradores espanhóis com estes refrões e eles vão embora, sem levar nosso ouro?
3.       Tocante a homenagem da camara de nomear o shopping na orla de “José Lutzenberg”, pela luta deste homem contra os espigões da maguefa na beira rio, aqueles que iriam prejudicar o regime dos ventos no Menino Deus.
4.       Mais que justa a proposta de doar a área ao lado da gasômetro para a Agapan, patrolada sem querer pelo secretário Valter Nagelstein da SMIC.
5. Sou contra chamar as torres gêmeas de Josè Lutzenberg em homenagem ao grande ecologista que conseguiu evitar a construção das torres da Maguefa na beira rio, dizia ele que elas prejudicariam o regime de ventos no Menino Deus.
6. O argumento mais forte contra propostas densas (shopping e prédios de 60 andares ) dentro do rio é o trÂnsito. Aumentar o Trânsito de carros da MAua é uma temeridade, vai parar toda a cidade, em um efeito novelo!
7. A arma de sedução mais usual dos empulhadores é a maquete; suponho que não menos que 15 espanhóis passem o dia fazendo maquetes mentirosas, em escalas estudadas e angulos estonteantes, (mesmo que sejam escalas e angulos mentirosos, já que a maquete tudo pode, ao contrário da realidade). Quem poderia resistir a luzes ao alto e tapete vermelho, o povo caminhando livremente na entrada do cais, bondinhos....?
8. Esse projeto de parceria público privado é um projeto "caracú". O privado entra com o usufruto, e o público entra com o que?
9. Naquele tempo que espanhóis e portugueses vinham aqui e levavam ouro e riquezas, em troca de machadinha e espelhinhos; pois a revitalização, se chama assim, pois reedita aqueles tempos. Os espanhóis estão voltando, o preço pelo que levam é baixo, somos empulhados e estamos contentes com o progresso.
10. Esse tema de mudar o nome do rio para lago é um dos mais eloquentes exemplos da ciência servindo ao capital: como a lei não permitiria construções no rio, os cientistas subordinados ao capital mudaram o título do rio para lago! Plebiscito para o rio voltar a ser rio, já! Ciência não é neutra, e cheira mal!

sábado, 10 de setembro de 2011

Fotos do Parque Johan Peter Gerdau


Ao lado do gasometro melhor fariamos um parque, um jardim botânico, um largo, uma praia pública, do que um shopping . Se a iniciativa privada paga por essa praça, o lucro para a revitalização é o mesmo que a prefeitura vender esta área da orla para a iniciativa privada fazer shopping, e o ganho para a cidade é maior. A Gerdau paga, a cidade ganha uma praça, evitamos dar um área pública para a iniciativa privada, só perde o Polibio Braga e a Rosane de Oliveira, e o Zaffari, mas os demais ganham.

Vejam abaixo fotos da área ao lado do gasometro: Gerdau, vc nos dá essa praça? FAla pro Tarso que vc nos dá, a cidade precisa do Sr!

https://picasaweb.google.com/108029494178014146604/CaisFotos




Vamos conseguir uma melhor  revitalização do Cais!

Podemos um Cais com Paisagismo, Público e Barato, um parque Cais!


Os 18 motivos para abortarmos essa revitalização a la Yeda do cais Maua de Porto Alegre.

1)Praça Johan Peter Gerdau- Quanto a venda da área ao lado do gasômetro renderia para o restauro dos armazéns do cais? Pois, fazendo da área uma praça, e não vendendo para fazer um shopping, poderíamos arrecadar o mesmo valor, com o patrocínio da indústria, como a Gerdau. Essa empresa por exemplo, já ajudou a cidade no museu Ibere, nas Bienais. Do ponto de vista da restauração, o dinheiro é o mesmo. Do ponto de vista do turismo, um largo, por exemplo “Largo Johan Peter Gerdau”, é mais atrativo ao turista do que um shopping de província, um camelódromo fechado.
2) A cidade, nos finais de semana, tem pouco espaço de praças públicas. As 3 ou 4 praças que dispomos estão lotadas, com muita gente, pois nossa população cresceu muito. Simplesmente não podemos dar para as construtoras uma área que a nossa população precisa.
3)Se o destino principal do cais é atrair o turista, o que seria de fato "atração" para o turista? um largo com árvores público na orla, ou um shopping igual ao que tem em qualquer parte, 3 espigões de escritório? Imagine você tendo que levar um turista para ver a cidade, o que seria de fato atraente? Mostrar torres de escritório e um shopping, ou uma bienal de arte em um píer aberto? Caminhar no píer público, ou errar por corredores de um supermercado escuro?
4)”O projeto Yeda de revitalização trará desenvolvimento, empregos, movimento”: pois são critérios relativos. O parcão não gera nada disso e é muito necessário para a cidade. Também valorizou muito o bairro que o envolve. O shopping Total pouco valorizou os imóveis no seu entorno, já a praça da Encol agregou valor ao seu entorno.
5) O cais está abandonado: sim, de atividades econômicas, mas não culturais. Atualmente, o cais é muito útil para Bienal, para a feira do livro, como centro de eventos, muitos deles culturais. A discussão sobre a exceção cultural cabe neste sentido: de fato a cultura, ao contrário de um hotel ou um shopping, não gera tanta renda. Mas o Museu de Arte Contemporânea, A Ospa, A bienal, A Feira do Livro estão hoje no cais, irão para onde quando os vendilhões chegarem com seus espelhos de matéria plástica?
6)Os custos de restauro serão muito altos: esse argumento é um falácia. Por que os custos de restauro são altos, que cálculo desonesto foi feito? Como podem ser altos se o mais importante, o pier e o largo monumental, bem como o rio e o sol, e também o estacionamento, e até o cercamento, já estão prontos?
7)O estado não tem dinheiro para o restauro:  a função do cais de centro de eventos é muito útil para Porto alegre, para a cultura. Eventos são atividades rentáveis, que podem fazer os custos de manutenção do cais se pagarem. A iniciativa privada, sem ganhar por isso um terreno na orla, pode ajudar como fez sempre (São Pedro, Ibere, praças, Bienal, etc...). A reforma pode ser mais modesta, sem duvidosas fontes no muro da Mauá,  show de fontes luminosas e quantas outra atrações que são desnecessárias para embelezar o que já é bonito por natureza.
8) Um estado que não pode colocar um lampião e dois bancos em um largo público, de fato é um estado que serve para que? Sem entrar no que se paga de tributos, qual o sentido de um estado que se declara incapaz de pintar alguns armazéns? O estado incapaz é um argumento incoerente com os crescimentos de arrecadação, incoerente com o discurso do planalto de economia emergente, do que se vê de capacidade do BNDES de ajudar empresários. É um argumento de outro tempo.
9) Se hoje o cais é público, já pertence a população, é impossível que deixe de ser público sem um plebiscito. Direito de propriedade é algo importante, e parece lógico que apenas os donos possam diretamente autorizar uma desistência deste direito. Os vereadores não possuem mais direito que a população da cidade de decidir sobre o direito a propriedade do povo sobre a região. Votar em um vereador não lhe dá o direito de decidir sobre a propriedade do povo sobre uma área: o verador eleito pelo cidadão não  pode decidir sobre o direito do cidadão a sua casa particular. A representatividade tem limites. Um senado não podevotar uma lei que traga ameaça a mudança climática e integridade física da populção. São poderes além dos delegados ao representante.
10) O estado tomado pelo interesse do capital. É evidente que o capital, e portanto a RBS, estão favoráveis a revitalização a la Yeda. Tornar parte da área privada é do interesse do capital, mas não da população, quando a área deixa de ser pública. Um plebiscito pode confirmar o que a população pensa do projeto Yeda. O último plebiscito, sobre o Estaleiro Só, já foi bem ilustrativo sobre o que a população acha, com 80% de contrariedade aos desejos das construtoras. Contudo os políticos não tomam qualquer iniciativa de contrariar o projeto de revitalização em curso. É curioso que os representantes do povo, em um conflito que oponha povo e capital, tomem o partido do capital, em contra ao partido do povo. Essa vinheta nos fala muito sobre a falsidade da democracia em que vivemos, simplesmente a democracia não é real: os políticos não representam o povo, e sim o capital. Esse é a conclusão sobre José Fogaça e sobre os vereadores, salvo dois do PT e o PSOL. Mas não sobre Tarso, que tem uma postura um pouco diferente.
11) Tarso obviamente é contrário a essa imoralidade, e tem feito de tudo para divulgar oficialmente seu apoio ao projeto Yeda de revitalização, e na prática tranca para que ele não se realize. Ou para que venha 2012, o ano eleitoral em que essa parceria público privada, (ou "parceria caracu", aquela em que o público entra com as perdas, e o privado com os ganhos)será assunto nos debates. Tarso pode ser um bom aliado de quem esta contra o projeto de revitalização a La Yeda, mas ele só vai ir contra o modelo absurdo em curso com o apoio da sociedade civil, que não tem se manifestado. Precisamos de movimento da sociedade civil para fortalecer dentro do governo Tarso o movimento do plebiscito. Plebiscito cala o argumento dos idealizadores da revitalização a La Yeda de que existe consenso em torno de lotear o cais. Se existe consenso, por que não um plebiscito que o comprove? Os idealizadores dessa revitalização privatistas sabem que a cidade não votaria por um supermercado Zaffari ao lado do gasômetro.
12)O trânsito no centro. O projeto Yeda não é compatível com a idéia atual de descentralizar o movimento no centro. Os engarrafamentos estão se tornando uma crise, e mais prédios (mais ainda se forem de 50 ou 60 andares) e shopping estão bem pensados fora do centro.
13) É preciso um projeto que garanta movimento dia e noite no cais, esse é um dos critérios de um bom projeto. Este é um argumento discutível. Existem espaços urbanos que de fato estão abandonados de noite ou durante a semana, mas são muito úteis no final de semana, como podemos ver na lateral já entregue a população do gasômetro. O parcão pode não ter qualquer movimento de noite, neste sentido não é um espaço comercial, mas nem todo espaço importante da cidade é comercial. Uma praia, como Ipanema, cresceu muito em beleza e utilidade para a população justamente com a expulsão dos bares da areia. Fazer um shopping na orla não é juridicamente coerente com a retirada do bar Timbuca, ou da vila Tronco, de outros espaços da orla do Guaiba.
14) O cais e a copa. O cais não tem qualquer utilidade para a copa, que será feita no inverno, ocasião em que ninguém se animaria usa-lo para passear. Espigões também pouca atração agregariam para a copa, e hotéis de categoria internacional podem ser feitos em qualquer terreno da cidade, não necessariamente na nossa orla.
15) Imensas paredes espelhadas prejudicariam as aves migratórias que diariamente cruzam o parque das ilhas, tem um impacto ambiental não desprezível.
16) Um shopping ao lado do cais traria para os armazéns um público diferente do que vem para usar produtos culturais, como já é hoje. O público de shopping não é o mesmo da OSPA, do MAC, da Bienal, da Feira do Livro. Além disso já temos shoppings em todos os cantos da cidade, não precisamos uma cidade reduzida a apenas shoppings, outras atividades além de compra e venda são importantes. Local para eventos náuticos (como as antigas corridas de remo), pistas para ciclismo e para corrida, área para sol são possibilidades para o local ao lado do gasômetro. Em Paris, a municipalidade arma uma praia artificial no rio Sena que poderia ser um modelo para esse local.
17) O projeto em curso é feio. As maquetes não respeitam escala real, e mesmo assim é feio. Trenzinhos, paredes com cascatas, chafariz dentro do rio, tudo para conquistar a adesão e sem compromisso com o bom gosto, com a monumentalidade. Um jardim botânico em cada ponta do cais seria mais bonitos que espigões e shopping.
18) a área ao lado do gasômetro é muito bonita, não devemos entrega-la para um destino tão prosaíco como um shopping privado. Precisamos convencer os favoráveis ao shopping que vida também é esporte, natureza, integração, não apenas compras. Veja fotos do local em https://picasaweb.google.com/108029494178014146604/CaisFotos e ajude a pedir aos seus amigos oposição a este projeto fora de propósito.
19 Precisavamos de um estadista que fizesse uma floresta pública de Ipanema até a ponte do Guaíba, destruindo construções e clubes e devolvendo a população a orla. Como infelizmente ainda não temos esta figura, precisamos nós mesmo lutarmos por menos especulação imobiliária dentro de áreas que ainda são nossas, que ainda são públicas.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Livros didáticos chilenos com publicidade, o que esta errado nisso?


O uso  de comercial publicitário em livros pedagógicos da rede pública de ensino no Chile é obviamente uma fronteira inaceitável da ingerência do privado no âmbito da coisa pública. Remodelar o cais Maua de Porto Alegre, meio público (os galpões) e meio privado (um shoping mega na ponta do gasômetro, espigões privados na outra) é um caso parecido ao chileno.
                Atualmente o cais é um porto público. Pertence a cidade, a todos. É uma região degradada, sem manutenção, mas que bem tem servido como formidável centro de eventos, para atividades culturais e até comerciais. Ficaria barato e monumental fazer ali um calçadão, largos verdes e manter a vocação dos galpões para centro de eventos (bienal, feira do livro). Uma mão de tinta, alguns poucos mil reais, e Porto Alegre ganharia um espaço nobre e belo para o turismo, para seu usufruto, um local – de forma análoga ao Parque Marinha, Parcão, Redenção – aberto e público. Um espaço não aviltado por um shoping de subúrbio, um espigão privado.
                Chamar a iniciativa privada para participar da remodelação, em primeiro lugar é uma não necessidade: não se precisa de 500 milhões de dólares para arrumar o que já esta pronto (temos muro, estacionamento, píer e até galpões prontos!). Em segundo lugar, como no caso dos livros didáticos no Chile, é convidar a iniciativa privada para uma tarefa que é pública. É o estado que deve custear reformas em logradouros públicos para o uso público. Em terceiro lugar, é privatizar uma praça da cidade, e que praça: justamente na orla, um local especial e bonito, para o uso privado de lojistas e locatários dos imóveis do espigão.
Podemos remodelar melhor, outros modelos são possíveis. Abaixo o uso do termo, algo espírita, “revitalização” do cais: pelo uso do termo “remodelação”, mais preciso e menos ufanista. Sabemos que vida é uma só, projeto urbanistas são diversos, mais ou menos públicos, mais ou menos bonitos, mais ou menos morais.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O brete político em que a ZH colocou Tarso no tema do Cais

 
Nas noites de chuva, um fantasma político ronda o Palácio Piratini

              
O brete político em que a ZH colocou Tarso no tema do Cais
Para não demonstrar inabilidade política de saída e perder investimentos, como o governo Olívio com a Ford, o que Tarso precisa fazer com o projeto de revitalização do Cais?

            Sob pena de botar a perder os investidores, o governador Tarso não pode correr o risco do enorme ônus de prejuízo político de se mostrar retrógado e petetosco com o capital investidor: deve logo entregar todas as meninas virgens para a prostituição. A prostituição gera empregos, traz europeus ricos para o turismo sexual, é uma desagradável mas inevitável necessidade, é uma proposta extremamente moderna. Não podemos deixar nossas crianças sem utilidade econômica, abandonadas, precisamos “revitalizar” a sexualidade delas, que esta sendo muito mal aproveitada, afinal um pedófilo paga qualquer coisa por uma criança brasileira. O sistema de entrega dos menores será uma inovação: será o moderno sistema de parceria público-privada, sendo que a iniciativa privada entra com o capital e o público com as crianças, e a palavra “parceria” vem da noção do afeto, inevitável nestes enlaces amorosos. Não devemos nos enganar: o que realmente o turista da copa esta querendo vindo ao Brasil é a prostituição, e temos que nos render – pelo pragmatismo- aos novos costumes que o dinheiro impõe. Como Tarso representa uma visão um pouco mais antiga, é provável que esteja com alguma anacrônica dúvida sobre o projeto, não iria admirar nada que este vacilo do governador afugentasse para a Bahia investidores ávidos de construir dinâmicos lupanares de menores.
       Ao aceitar projetos como entregar áreas públicas para construção de shopings e edifícios, tendo em troca um aluguel de duas lojas no Moinhos de Vento, o governador poderia também dar continuidade a outras ações do governo Yeda: por exemplo, poderia em nome da realpolitik, aceitar uma mansão também, pois não podemos deter as novas práticas. A espionagem dos dados policiais de militares e um rol grande de inovações poderiam ser continuadas.
       Contudo Tarso não é continuidade do governo Yeda. Ao ser eleito, foi eleita também a discordância. Neste sentido, esperamos que Tarso abandone a noção que “dar lucro” é um valor único, acima e isolado de outros valores. Pela pauta de valores anterior, superada pelo voto, parece que ser “rentável” é um valor auto-explicável e em certa medida único. Por que não entregar área pública, de forte vocação para o turismo, para um parque e para a cultura, para se fazer um shoping? Pressuposto desta "noção de mundo" é: cultura, árvore e passeio público para o turista (como o aterro do Flamengo, ou a calçada de Copacabana) são sem uso financeiro, portanto são "sem vida". Um shoping gera receita ao estado, empregos, portanto é o retorno da vida, vida "econômica" bem entendido.
       A proposta superada pelo voto, de Yeda, tem o lucro amoral como único valor. É neste sentido que a prostituição infantil é um exemplo algo extremo, mas categoricamente de mesma lógica: o lucro sem noção, o lucro sobre a ética. Outros exemplos de lucro sem sentido: a) montar uma firma de excursão para presos políticos na Argentina, já que a passagem de volta é lucro da empresa. B) vender o SUS: exemplo de algo caro, que o estado não tem conseguido cuidar, que esta abandonado, que seguramente vai encontrar um banco que deseje investir, e que combina bem com termos como “revitalização”. C) lotear o parcão: um hotel internacional é algo que Porto Alegre precisa, não vão faltar investidores que queiram torres de escritório no ponto mais nobre da cidade, nem falar em shoping. De noite o local é abandonado, o ajardinamento esta meio caído, e salvo um ou outro vendedor de pipocas, é um espaço de desemprego, atrasado, em que o estado apenas põe dinheiro, sem nada tirar (dinheiro este que obviamente falta da merenda escolar, do remédio dos velhinhos). É certo comprar ração de pato e de tartaruga com o dinheiro dos antibióticos dos mais carentes?
       Os exemplos de que o lucro pode ser um mal valor único poderiam se seguir, da venda de sabonetes dos campos de concentração, até as madeiras da nossa construção civil vindas da Amazônia.
       Contudo, independentemente de ser um falso brete, em política as coisas não são exatamente filosóficas, muito são aproveitamentos, sempre são “como fica para as pessoas”. A grande imprensa local preparou esta arapuca política para Tarso: se ficar pelo projeto de revitalização do lucro com o cais, será denominado de pragmático e moderno. Se ficar pela cultura, contra o arrendamento de terrenos para espigões privados, será rotulado de inábil, de pessoa que não dá continuidade as boas idéias dos governos anteriores, será assustado com o fantasma de ter mandado correr investidores.
       Portanto o governador só tem uma saída para exorcizar a arapuca política do cais: pedir um referendo da população com dois itens: vote 1 para cais cultural/público/arborizado e para o turismo. E vote dois para um cais capitalista/privado/centrado no automóvel, na venda de produtos, nos usos dos investidores. Um plebiscito por uma das duas revitalizações: ou pela revitalização Louis Vuitton, ou pela revitalização ao estilo do Teatro São Pedro, uma revitalização cidadã. E os diretores da Zero Hora terão apenas o direito a um voto único cada. Escapa do brete, e seguramente escapa da revitalização Modelo Yeda, pois como se viu no caso do pontal do Estaleiro Só, um percentual de 80% da população não gosta de apenas a lógica do lucro dar as cartas no tema do urbanismo.
 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tudo o que não podemos permitir que seja tirado de nós pelos políticos inescrupulosos

O terreno ao lado do Gasômetro precisa de um passeio, não de um Zaffari

A Praça Brigadeiro Samapaio abriga meninas jogando taco na sombra

A luta contra a entrega do espaço público é de todos: uma outra revitalização é possível
Neste espaço, cabe a praça dos onibus, cabe uma rotatória pra resolver o transito da chegada na rodoviária, cabe uma praça, cabe até um Jardim botânico, cabe qualquer boa ideia: não cabem duas torres de negócios.



O espaço ao lado do gasômetro seria de uma nova loja das casas Bahia, ou seria melhor para o usufruto do povo de Porto Alegre?

Não concordamos com o patrolamento do Museu do Trabalho!

Pessoas e seus animais na praça que viraria parking para carros

O atual entorno do gasômetro se faz pequeno para o número de pessoas em um final de semana qualquer. Não poderia ser aumentado para o outro lado do gasômetro também?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Uma fábula de dinheiro, mentiras e urbanismo padrão Alvorada, mas com final feliz


A CHEGADA DA PROPOSTA ASSOMBROSA Em uma fábula hipotética, um grupo de força econômica chega de Zeppelin a Porto Alegre e faz a seguinte proposta:

a) a Usina do Gasômetro deixa de ser um centro de eventos, de caráter público, e vira um enorme camelódromo privado, com a estética final muito parecida com o atual camelódromo que já existente na Júlio de Castilhos.

b) Ao lado do gasômetro, em local que anteriormente se falou em fazer uma marina para barcos à vela, é feito mais um shoping destes de estética de camelódromo, um mercado árabe, com pequenas banquinhas como no centro de Capão da Canoa. A aparência final da área fica como a do centro de Alvorada ou de Cachoerinha. Os turistas entediados fogem deste shoping gasômetro provinciano, pequeno, amesquinhado, igual a qualquer outro do mundo, preferindo ficar no hotel vendo TV. A maior parte nem vem para Porto Alegre, preferindo outras capitais do pais com orla mais bonita. O trânsito da Mauá, deverá para em caráter definitivo. O espaço hoje público e aberto se torna uma feira hippe com um teto de laje.

c) A pequena e simpática praça defronte a usina do gasômetro, com sua fileira de figueiras bravas, deixa de ser uma praça, deixa de ser pública, deixa de ter figueiras, é lajeada, e é transformada no teto de um parking enorme para carros, também sendo englobada pelo tal shoping, seguramente o maior shoping da cidade. O museu do Trabalho é derrubado em benefício deste shoping Mauá, especializado em muamba do Paraguai, brinquedos chineses e raízes de ervas.

d) O Museu de Arte contemporânea é despejado do cais, bem como as bienais de arte moderna. Provavelmente também a feira do livro (pois em que pesem os desmentidos primeiros, é pouco provável que a filial de restaurantes e universidades feche por 2 ou 3 semanas para a realização da feira). Os armazéns, que hoje servem muito bem como centro de eventos, muitos deste eventos de natureza cultural, perderão esta função. Nos armazéns, barzinhos pés sujo com cadeiras de metal com logos de cerveja, servirão pastéis, não mais cultura.  Turistas amedrontados, e habitantes da cidade, passam a ter dificuldade de andar no meio da rafuagem, de noite a aparência do local  é a que hoje temos na Salgado Filho.

e) Uma parte importante da área é tomada por estacionamentos de carro, de lucro privado, e estética duvidosa. Carros estarão estacionados dentro do passeio, impedindo a caminhada. Um mar de carros estacionados vai impedir qualquer uso para o turismo, impedir qualquer plantação de árvores no local. No lugar que poderíamos ter um Parcão, teremos um parking de carros mais ou menso como o que tem defronte ao shoping Barra. O pier corre o risco de virar um parking para estacionamento do centro.

f) Na outra ponta dos armazéns, nas imediações da rodoviária, na área onde existe ampla área livre, hoje pública, local onde bem caberia um imenso parque de amplo uso para o turismo e para a arborização, são construidas duas ou três torres de 50 andares. As torres são de escritórios, dentro do rio, como se faltassem áreas na cidade para torres de escritórios. A área deixa de ser pública, pois os escritórios serão privados. Com o entorno pesado, a decadência é então fulminante, quase imediata, ampliando o clima da avenida Júlio de Castilhos até o local, com advogados mal afamados e pontos de compra de cabelos locando as salas. Um clima de imensa galeria do Rosário em breve toma conta dos dois prédios, que em poucas décadas vira um local exclusivamente para a prostituição.

g) O projeto todo é apresentado como custando diversos milhões, já que construir torres de escritórios e fazer shopings é de fato algo caro. Não é detalhado na proposta, contudo, o quanto do dinheiro vai para “arrumar” os armazéns ( ou seja, o quanto vai para a finalidade “pública” da área), e o quanto vai para o fim de fazer diversas obras privadas. Não esta na proposta qualquer referência a como os citados milhões devem ser gastos, se em lustres para o prédio privado, ou arbustos para a porção pública do negócio, ou em comissão para os gestores públicos entusiasmados com a coisa toda. Fala-se em R$ 500 milhões, ainda que seja curioso gastar 100 mil reais que sejam em área que já esta pronta como centro de eventos, inclusive já esta até murada. Pela proposta, a cidade de Porto Alegre, entrega em doação a estes senhores, quase todos estrangeiros, a maior parte desconhecidos, 18 hectares, ao lado do rio, na área mais nobre da cidade com sérias perdas para o uso turístico da área.
h) Em um resumo, a proposta é vocionada as mascatismo, é uma proposta neste sentido mercantil, por atender necessidades de vendas, atende bem automóveis e torres de negócios. Não amarra qualquer compromisso dos autodenominados "investidores" com "melhorias", apenas detalahs os ganhos privados. Portanto é uma Parceria Privada-privada, uma case único para o estudo no capitalismo. Pela propostas os "investidores" detalham o que eles ganham, mas há uma falha em detalahr o que farão para a cidade em troca. salvo irrigar ineterruptamente o muro, algo antiecológico. Pela proposta, apenas estão detalhadas quais aparelhos culturais hoje existentes (Bienal, centro de eventos no cais, Usina do Gasômetro, Museu de arte contemporânea, Museu do Trabalho, Praça Brigadeiro Sampaio, Feira do Livro no cais) serão desmontados.

 O FINAL FELIZ Contudo felizmente, a fábula tem um final feliz. O povo impressionado com a falta de sentido, gosto e bom senso do tema, se une e promove ampla resistência. O governo eleito decide convocar um plebiscito, ou referendo: seja para votar sim ou não para este projeto que ai esta, seja mesmo para votar entre meia dúzia de outros projetos urbanísticos diferentes, melhores, menos agressivos para a cultura, mais cidadinos, mais públicos, mais culturais e mais estéticos. A Dna Eva Sopher é convidada para presidir uma fundação de revitalização cultural, o “centro de Eventos Culturais Cais do Porto”, nos moldes da Fundação Teatro São Pedro. A manutenção financeira dos Armazéns será muito bem conseguida com a renda dos ingressos de eventos, feiras, bienais. Será bem conseguida com a locação dos armazéns para congressos e como centro de eventos, inclusive privados (feiras de tecnologia, da indústria, congressos médicos). A iniciativa privada é bem vinda, assim como a Pepsi tem mantido a orla do Marinha, assim como construiu o Museu Ibere Camargo, a ajudar na manutenção. Toda a região que vai da ponte do rio Guaiba, até o Gasômetro é desapropriada, arborizada, cercada e transformada em um jardim botânico, mantendo apenas os armazéns tombados. Onde se fala em shoping em um lado e em torres de edifícios do outros, formidáveis alamedas de palmeiras imperiais formarão um parque: o modelo pode ser o de um Jardim Botânico do Rio de Janeiro na orla, dignificando o espaço, atraindo de fato turistas europeus. O uso do local será todo dirigido para o turismo. O Museu MAC, do Trabalho, o Gasômetro, a feira do livro, a bienal são salvas de serem transformadas em camelódromo.

Na região defronte a rodoviária, no lugar de construir torres altas, é feita o terminal de ônibus urbano do centro, desafogando o lado do mercado. Ou então se usa o espaço para desafogar o trânsito confuso da região da rodoviária, construindo avenidas, ou mesmo um amplo anel, para melhor rotear a entrada de carros na cidade. Ainda seria possível fazer o terminal rodoviário intermunicipal nesta área.

Tendo em mente que a arrecadação de impostos de renda subiu 10% em 2009, o poder público, no gozo dos recursos de um Brasil mais prósperos , contribui na reforma. Com o apoio do BNDS, que tem prestimosamente dado dinheiro público para a iniciativa privada fazer grandes obras, dentro do modelo “neo-milagre-econômico”, poderia financiar um projeto de passar o fluxo da aveniada Maua para um subterrâeno. Até mesmo trecho do Tremsurb entre a rodoviária e o mercado poderia ir para um subterrâneo. Sem o fluxo de carros, e sem o trem, o parque ocuparia os dois lados do muros e ai sim teríamos uma revitalização um tanto menos Dubai, menos Blade Runnner da Maua.

Nesta fábula, a população consegue fazer da área um local de fato nobre, com vocação para eventos, para cultura e para o público, para um uso de fato do interesse de um turista. Unida, a sociedade consegue lutar pela preservação da monumentalidade que a área já tem, sem a mesquinharia de um shoping que transforme a área em uma Assis Brasil, de uma torre Galeria do Rosária.
Carros, comércio e vendas já estão bem representadas no tecido urbano, mas faltam locais livres, públicos. Como a cidade que pretende atrair turistas pode oferecer um projeto tão acanhado urbanisticamente, juridicamente insustentável, éticamente imoral e economicamente prejudicial para Porto Alegre?
Precisamos de uma orla monumental, não de um mercadinho de esquina e um espigão insólito, tomados de carros de permeio. E na fábula com o final feliz, vemos o deputado Flávio Koutzii liderando uma resposta iluminista salvando o cais desta revitalização nati-morta.






















terça-feira, 7 de dezembro de 2010

a greve das ovelhas anencéfalas


Hoje, dia 6 de 12 de 2010, termina minha greve de um ano sem comprar Zero Hora. Confesso que é com satisfação que vou até a banca e, ato prosaico, compro o jornal. É complicado ficar sem ler jornal, jornal local, por um tempo tão grande: perdemos obituários, perdemos eventos culturais, concursos. Também tem algumas colunas interessantes, como a do Verissimo e uma outra sobre mitologia grega, do Moreno, que perdemos. Foi um ano ruim, principalmente pois a qualidade dos demais jornais é ainda pior.
                Tomei a decisão de greve de Zero Hora pois por esta época, em 2009, estava em votação na camara de vereadores, a doação do cais do porto público para construtoras lotearem e criarem shopings privados e edifícios privados na orla do Guaiba. Na ocasião, este jornal se comportou da forma mais decepcionante possível: além de não denunciarem o abuso que semelhante proposta significava – e significa- para nossa cidade, ainda faziam o mais vibrante marketing da entrega: publicavam maquetes falsas, com escalas distorcidas, que eram quase peças publicitárias, tomavam partido, escamoteavam oposições. O jornal vendeu o loteamento de uma área pública para população, com vibrante partidarismo na contenda.
                Ficar sem ler jornal foi complexo, o pior é que o Correio do Povo também faz a mesma “venda” do projeto das construtoras como a redenção da vida na cidade. Mas saber que a greve é um instrumento novo de pressão sobre a linha editorial me foi muito agradável. Recomendo a todo leitor que sentir tratado como uma ovelha anencéfala, que faça o mesmo: não compre o jornal por uma temporada, sempre mandando carta ao editores. A greve econômica é um instrumento potente, provavelmente o mais potente para inibir imposições editorais revoltantes.
                Além fazer greve contra arbitrariedade e abuso do poder de monopólio, o Rio Grande precisa com urgência despertar para o seu mais grave problema: a inexistência de imprensa no estado. A falta de um jornal, ou melhor, de mais de um jornal, empobrece o estado: não temos jornalismo investigativo, não temos política de boa qualidade, não temos debate. O exemplo do tema do cais ilustra bem: a versão acrítica e oficialista, vinda diretamente dos vereadores que criaram o projeto de entregar o cais para as empreiteiras, era a imposta pelo jornal.
                Precisamos fundar a opinião novamente entre nós. Precisamos rever esse clima algo Matrix, de uma entidade como semelhante monopólio de verdade e versão, impondo a realidade filtrada para toda uma população iludida. Minha greve me fez me sentir um Keanu Reeves, agora temos que libertar nossos irmão da Zero Hora, antes que ela ponha o Parcão para vender para a Maiojama (e o que mais me assusta,que a população ache que esssa venda esteja bem!)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Auditoria, Plebiscito, Glasnost e perestroika


Glasnost em russo quer dizer "transparência"; perestroika, reconstrução ou reestruturação. O povo de Porto Alegre sente que o governo Fogaça e o governo Yeda fizeram do Cais Maua um projeto ufanista, mas que de fato esconde um mar de propina, esconde um projeto com o DNA da corrupção.  A ideia de transformar um rico espaço, como é hoje, um lindo mirante para o Guaiba, em um supermercado Zaffari na beira do rio é uma agressão ao sentimento da população. Já para os vereadores, é "revitalização". Só se for revitalização do saldo bancário dos políticos, para nós, que nada lucramos com o atual projeto da YEDA para o cais, é um pavor, ou "remortização". Vindo um novo governo, saindo Yeda, temos convicção que Tarso vai convidar o povo da cidade para um plebiscito simples: o cais deve ser público ("marque o número 1") ou pode ser, como desejava a Yeda, ser doado por 50 anos para fazer espigões de escritório futuristas de 50 andares, e um hipermercado hidropônico, sobre palafiitas, dentro do rio, ou seja privado (marque 2). Teremos a convicção que o povo de porto alegre saberá decidir de qual vida a "revitalização" faz referência: uma vida para o povo, pública, ou uma vida mais viva privada. TArso veio para mais transparência, TArso veio para reestruturar estes anos de corrupção que agora vamos enterrrar com um plebiscitos deste tipo!

domingo, 24 de outubro de 2010

A última feira do livro no cais: adeus!


Esta será a última feira do livro na região do cais Mauá.
O Tsunami de corrupção do governo do estado/ Fogaça, esta nos deixando, mas a devastação foi dura: venderam o cais para fazer um shoping, vão doar area que hoje é pública, o porto, para a iniciativa privada.

 Adeus feira do livro,
adeus eventos culturais como feiras, bienal.

De agora em diante, apenas um shoping e restaurantes.

Quem viver 50 anos- tempo da "doação" da área pública para a inciativa privada- poderá ver a retomada da area pela cultura.

Agora, que venha mais um shoping, um parque de estacionamento privado, um engarrafamento monstro, espigões de vidro de 30 andares (privados).

 Essa Yeda, esse Fogaça, não foi por nada que foram varridos da cena politica!





sábado, 24 de julho de 2010

Plebiscito para o projeto do cais


Isso é como dizia o folclórico governador Olivio: temos que auditar a autorização que os vereadores deram para a construção de um prédio de 40 andares dentro do rio Guaiba, na região do cais.Parece que o prédio será denominado de "enchente de 41".


Temos que auditar o projeto de um supermercado ao lado da usina do gasômetro, da altura do gasômetro.


Quem poderá ser a favor desses absurdos!? Salvo os 30 em 34 vereadores, que - com a meritória excessão de alguns 4 vereadores (Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Maria Celeste (PT), Lúcio Barcelos (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL))- votaram pela privatização do cais. por doar o cais para as construtoras.


Os candidados ao governo do estado poderiam propor um "plebiscito do cais": coloquem alguns projetos e o povo da cidade vota no que mais lhe agrada!

Como construtora, capital corruptor e vereador vendido não vota, seguramente vai ganhar um projeto diferente do que os veradores aprovaram (doação de área pública por 50 anos para um prédio privado de escritórios dentro do rio e a construção do shoping Gasômetro).

É isso que precisamos, é isso que queremos: auditoria e plebiscito. Meu voto seria por um centro de eventos na área, preferentemente ou até EXCLUSIVAMENTE para eventos culturais.Meu voto seria contra construções privadas na área. Mas vejamos o que os demais habitantes de Porto Alegre  desejam, acho que não é mais um supermercado, ainda que seria o primeiro (e único) supermercado flutuante em palafitas de toda a rede Zaffari.

Fogaça não nos entende bem.

Não é verdade que Fogaça não fez nada na prefeitura: ele fez o primeiro plebiscito da história da prefeitura. Naquela ocasião ele nos perguntava: você quer dar o estaleiro Só para a) as construtoras fazerem prédios marrons ou b) para as construtoras fazerem prédios begezinhos.

O povo votou como pode, tentando fazer o prefeito ver que queriamos nem a, nem b, queriamos a área pública.

Mas ele não entende bem indiretas, e agora veremos se entende as urnas, por ocasião da eleição de 2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Por um porto menos legal


"Hoje no aniversário de Porto Alegre temos um dia de luto. Nossa cidade, apenas nesta administração de vereadores foi muito enfeiada e mal tratada, e a maior parte dessas obras que agridem nossa cidade nem são do conhecimento da maioria. Vejamos alguns exemplos de realizações dos atuais vereadores e do prefeito Fogaça que provavelmente você nem sabia.
1- Vc sabia que apenas nesta administração foi aprovada a construção de um shoping Center ao lado do gasômetro e tocando a água do Guaiba?
2- Vc sabia que 15 prédios foram aprovados na orla do Guaiba, quase todos em menos de 100 metros da água, tirando espaço público da população, muitos em áreas do parque Marinha? São eles os diversos prédios do Estaleiro Só, dois ou três prédios no Cais Mauá, dois em cada Shoping da beira rio, três junto ao beira rio, e um para a Ospa?
3- Vc sabia que o muro da Mauá vai seguir lá, inclusive agora com privatização da parte da beira rio (uso privado de 50 anos para alguns abonados)?
4- Vc sabia que a bienal e a feira do livro foram expulsas da beira rio, nunca mais teremos estes eventos culturais ali e que o falado Museu de Arte Contemporânea que seria nos armazéns da beira rio ficou no projeto?
5- Vc sabia que o mais alto prédio do centro, um prédio de 33 andares, apenas de escritórios, será construído dentro do passeio público do cais, defronte a rodoviária, com a aprovação de 29 dos atuais vereadores (todos), menos os valiosos votos indignados de apenas 4 vereadores (Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Maria Celeste (PT), Lúcio Barcelos (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL))?
6- Vc sabia que trocaram a leitura cientifica do Guaiba de rio para lago, apenas para poder “urbanizar” de edifícios o parque Marinha?
7- Vc sabia que o lema da administração municipal para o nosso trânsito é: “o trânsito de Porto Alegre continua em nossas mãos”, referindo-se ao novo sinal de trânsito para faixas de segurança? Esse lema é evidentemente um escárnio, diante dos engarrafamentos sem fim que tomaram conta de Porto Alegre, escapando não apenas das nossas mãos, como das mãos da administração pública! Essa administração não trouxe o metro para Porto Alegre, e as únicas providências que tomaram sobre os engarrafamentos que denotam a falência da estrutura viária da cidade foram: diminuir o tempo de semáforo para os pedestres e roubar espaço das calçadas para os carros.
8- Vc sabia que uma das obras do cais será um enorme edifício de estacionamento para carros?
Essa não é uma cidade melhor nestes últimos anos. Temos um momento de tristeza para lembrar da cidade hoje. Vamos providenciar um movimento menos ufanista para lembrar que estamos tristes com nossos políticos que vendem áreas públicas para a especulação imobiliária e para as construtoras. Uma caminhada no entorno do gasômetro seria um local emblemático para um protesto deste tipo. Uma proposta de mudar o nome da cidade para “Porto nem tão Alegre”, também poderia ser examinada."

domingo, 14 de março de 2010

O portoalegrense omisso merece um Cais Blade Runner/ OU: poderá o Tarso Genro nos redimir convocando um plebiscito e auditando esta sem-vergonhada toda no Cais Maua?


A presente administração pública municipal- de Fogaça e liderada na câmara por Naigelstein- conseguiu um feito impressionante sobre a orla do Guaíba: foi nesta administração, e em decorrência do empenho ativo e focado dos vereadores da atual legislatura, que 15 grandes edifícios foram aprovados roubando área do parque Marinha, dentro do rio, em área pública. É o maior loteamento da beira rio da história mundial, seguramente, e em 4 anos.
A contabilidade não é aproximada: existe um prédio em contrução no final da Ipiranga, quando ela se encontra com o rio, bem defronte do anfiteatro pôr do sol. Cada shoping construiu uma torre. O tema do pontal, que expertamente Fogaça colocou em votação, fez a cidade votar (de forma ludibriada, mas fez) que concordava com a privatização e construção de prédios comerciais no local do estaleiro. São mais 4 ou 5 prédios. No cais Mauá, a legislação emplacou um hotel, um shoping da altura da torre do gasômetro, e um espigão de altura épica, seguramente o maior prédio do centro de Porto Alegre, tocando dentro do rio. Também logrou aprovar, com a negativa de apenas 4 vereadores, estacionamento para carros na orla do cais. Fecha a contabilidade a aprovação do Internacional para a construção de três espigões junto ao estádio, tirando área pública da praça. Tem ainda a aprovação de um prédio para a Ospa, dentro do parque Marinha.
                A retórica para semelhante loteamento privado são duas: a copa do mundo, fazer um porto Madeiro em Porto Alegre. A segunda parte da empulhação é que semelhante luxo, uma nova Padre Chagas a beira rio, custa 500 milhões. Um valor assim, chutado, sem base, estratosférico. Como este valor não esta disponível nos cofres da prefeitura, segue o tal raciocínio de vigarista, então....Precisamos dar algumas partes da orla para a iniciativa privada. A imprensa, a população não faz a pergunta necessária: “como assim 500 milhões?, o que vcs pretendem fazer ali no cais além do que já existe? Quem perguntou ao Porto Alegrense se ele precisa de uma nova calçada da fama?”
                Dentro desta afronta ao bom senso, a ecologia sustentável, ao direito público de posse sobre a orla, o portoalegrense se calou. Nenhum movimento fez oposição a Fogaça, a NAgeltein e a Associação de lojistas. Vereadores da bancada das construtoras descaracterizam a orla, entregam para seus amigos, roubam a cidade sob o olhar permissivo da população.
                Pois um povo assim imbecil, que se deixa roubar e não fala nada, merece ter uma orla de espigões privados. A feiúra da cidade, a morte do Guaíba, selada nesta administração, construída por Fogaça e Nagestein, é em última análise responsabilidade de um povo permissivo, despolitizado, que se deixa manobrar pela RBS (que manobrou com a opinião pública neste episódio).  Se Paris é bonita, é por que tem um povo guerreiro (como se viu em 1789). O Rio de Janeiro, idem. Se a orla de Porto Alegre vai virar uma imensa Julio de Castilhos de prédios de escritórios, sem praias, sem idéias e sem vida, privada, é por que o habitante daqui concorda com o argumento dos shopings na beira rio e deixa seu Cais (que hoje é do Portoalegrense), seu parque Marinha, ser roubado pelas empreiteiras e construtoras. Um povo fraco, desatento, que não esta na altura de José Lutzenberger e sua luta da década de 1970.
                Este povo ovelha não merece uma orla como o aterro do Flamengo. Este povo despolitizado – e não os vereadores vigaristas e o prefeito que fica “neutro” enquanto  as empreiterias roubam áreas públicas- é que irão ter uma cidade blade runner. Um povo assim, merece uma orla assim. Se sapucaia é uma cidade anti-estética, é uma representação do nível de educação, cultura e politização dos eu povo. Se Porto Alegre ficou menor nesta legislação, é porque na média, o eleitorado esta inculto, passivo, desinteressado, individualista e consumista. Lamentemos portanto o fim das bienais, da feira do livro na orla, do lindo parque Marinha e da ecologia do Guaiba. Habitantes comigo desta cidade: eu fiz minha parte, vcs merecem o pavor urbanístico que vcs permitiram os políticos construírem.
                E a única esperança é o Tarso ou o outro candidato proporem uma –como diria o Olivio- auditoria nesta privatização toda do Cais. Teremos que manter a esperança que Tarso proponha, como primeira providência de governo, um plebiscito para Porto Alegre votar:
-“queremos uma Calçada da Fama jeca no Cais, ao preço de espigões privados e estacionamentos dentro do rio?  
-Vc concorda com prédios privados dentro do rio?
-Vc esta disposto a por a mão do bolso e pagar uma restauração mais modesta e mais honesta, verdadeira, do Cais? Quem sabe os restaurantes que virão pagam a reforma e não precisamos dar área para nenhum amigo de Fogaça e Yeda...
O povo de Porto Alegre vai seguir calado frente a esta entrega toda? O Tarso vai perder de por este podre de Yeda e Fogaça em discussão na campanha?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Com grafite se faz politica: abaixo os muros da Mauá

Bela coleção de grafites em um outro muro, que não o da vergonha na Mauá. MAs também outra vergonha.
http://dialogico.blogspot.com/2009/12/os-muros-do-gueto-mas-nao-o-de-varsovia.html vale a conferência.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Essa "imundícia" no cais não passará!



                Como uma republiqueta da America Latina, temos um pouco de respeito indevido, quase crédulo, com o que é formal. Nada mais natural que os cleptocratas municipais unidos aos tubarões das construtoras, em alegre complacência do grupo RBS, tenham se apressado a dar ao horroroso projeto do cais, um adjetivo de “já decidido”, ou “caso encerrado”. Com a votação do dia 21 majoritariamente favorável ao projeto, pretendem dar ao povo a noção de que esta é uma matéria seríssimamente “já decidida”, portanto daqui para frente fora de discussão. Não é bem assim.  Não podemos acreditar neste encerramento, e como população, temos que deixar mais claro que não sentimos o projeto acabado. Nossa estratégia bem pode ser a seguinte:
1-      Prestigiar o abaixo assinado online contra a este projeto. O site do abaixo assinado é http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/5406 e muita gente não assina pois pede número do CPF e de título de eleitor. De fato, a internet é perigosa demais mesmo para por números que podem ser usados para golpes: faça assim, ponha nos campos de CPF e eleitor, números quaisquer, e ponha seu nome completo nas observações. Em uma eventual averiguação de veracidade de assinaturas, com 1 minuto de Google, se poderá achar email e contatos de todos nós.
2-      Em 2010, os dois principais autores do projeto do cais estarão na vitrine concorrendo a governador (Yeda e Fogaça). Ao mesmo tempo, o tema ecológico será a “bola da vez” dos temas eleitorais. Faça como nós:
a.       Só vote em candidato a governador que declarar que vai “auditar” o projeto do cais: vale dizer, que estude como Yeda acreditou um dia que a revitalização seria tão cara (500 milhões, ou cinco mega senas de ano novo), que só vendendo umas partes para custear a megalomania suspeita. Vote em candidato que declare que vai auditar como que o estado não tem dinheiro para fazer uma praça pública na área. Que audite, como não foi pensado em conseguir dinheiro da iniciativa privada apenas no uso dos galpões, sem prédios blader runner arrepiando o paisagismo.
b.      O tema do cais curiosamente esteve ausente dos debates das eleições para prefeito e vereador em 2008. Provavelmente pois a maioria dos partidos da cleptocracia local devia favor as incorporadoras que babam pelo projeto. Não vamos permitir que o tema não ganhe evidência nas eleições de 2010. Vamos transformar este projeto que em si é um escândalo, nisso mesmo: em um escândalo político, com desgaste de quem o defende. Precisamos colar no hábil Fogaça, que adota a política da invisibilidade, a autoria – que de fato lhe corresponde, e ele habilmente não assume- dessa imoralidade: ele terá que confirmar/desmentir a paternidade, diante de reinterados testes de DNA, deste Frankenstain revitalizado. Provavelmente Yeda não negará a maternidade do projeto, mas uma discussão sobre de onde ela teria tirado a cifra de 500 milhões (dito custo da revitalização), pedra angular –e pressuposto falso- de toda a argumentação, a deixaria acuada politicamente: os quinhentos milhões são um chute nas nuvens, é um suposto custo de valor improvável de ser acreditado por um eleitorado medianamente crítico.
c.       Tenha em mente como cada vereador votou neste projeto do cais e no do estaleiro. Eles costumam pretender seguir carreira política, temos que deixar claro que somos vingativos, que temos memória, e que não somos a Paraiba, com grande porção de eleitores com baixa escolaridade. O projeto foi aprovado com 29 votos favoráveis, e votaram contra apenas os vereadores Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Maria Celeste (PT), Lúcio Barcelos (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL). Precisamos prestigiar estes cinco políticos. Precisamos cobrar os outros 29, com mais ênfase, uma agenda ecológica, sustentável e não privatizadora para o cais. Se o seu vereador retirou de você o atual direito de posse sobre esta área pública e entregou para amigos empreiteiros dele, ele precisa discutir com você esta conduta.

3-      O projeto de Shoping e de prédio de escritório é um projeto comercial. Vale dizer, tem que ser simpático ao consumidor, tem que ser simpático ao investidor. Um movimento online e mesmo de boca-boca contra a iniciativa vai arrepiar qualquer investidor mediano. O Fôrum social mundial será uma bela oportunidade de internacionalizar a oposição a esta agressão ao meio ambiente, e poderemos alertar tanto as pessoas, quanto principalmente os investidores desta urbanização imoral da orla, que o projeto conta com a antipatia da população. Se nossa geração não consegue fazer coisas belas ali, que pelo menos não se façam coisas mal assombradas: as novas gerações que façam mais que a nossa.
4-      Tenha informações no blog : http://caismaua.blogspot.com


Assim, seja com o abaixo assinado que deverá seguir posteriormente para o Ministério público, seja na via política, exigindo que o tema seja cobrado e rediscutido na campanha de 2010, seja na via do marketing comercial, minando a simpatia dos consumidores e investidores de shoping e de prédio de escritório, não vamos pensar a imundícia como um caso encerrado. Já amargamos uma geração toda com o muro, não podemos permitir este “novo muro”, uma segunda camada de muro da Mauá.
O projeto não passará! A realidade não é feita de formalismos imorais, como a votação do dia 21; é feita de pessoas. E todo o poder emana das pessoas, não da Camargo Côrrea. No mundo não existem combinações, nem regras, nem torres gêmeas, apenas pessoas. E atos humanos não são pétreos, são sim tão passíveis de auditar e descombinar, quanto um casamento, quanto uma vigarice, quanto um muro de Berlim. Vamos nos insurgir contra a segunda camada do muro da Mauá, esta ainda mais alta. Temos que tirar a política da mão dos políticos,  a informação da mão dos meios de comunicação, e o poder da mão do capital.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O que era para ser democracia esta mais para pedofilia



A democracia, bem como o nome explicita, deveria ser um mecanismo da representação dos interesses do povo. Não tem sido, no nosso meio e no nosso tempo. No episódio do cais do porto de Porto Alegre, os interesses do capital (rede Hilton, construtora Camargo Correa, grupo RBS) de construir na orla e no centro da cidade, em terrenos de imenso valor imobiliário e afetivo (dentro do rio), estavam em choque com os interesses da população. Ao povo teria menos serventia uma Padre Chagas acanalhada por dois prédios de 38 andares dentro do rio, do que um novo parcão na região do cais. Não interessa ao povo de Porto Alegre, uma região destruída por bárbaros engarrafamentos, com um visual de Blade runner, com dois espigões e um shoping poluindo de exagero de trânsito e carros, esgoto e assaltos o que poderia ser um sereno espaço de cultura, passeio e parque.
                No conflito entre o interesse do povo e o interesse do capital, o poder público tomou o partido do capital, abandonando quem deveria representar. No lugar de defender a praça, o distrito cultural, ou apenas um píer para se fazer fotos, o poder público defendeu a rede Hilton, o grupo RBS, a construtora Camargo Correa, os donos das lojas que farão o shoping, entregando área pública para o uso (“apenas por 50 anos”, mas não é pouco tempo) privado. O poder público não apenas nos traiu, traiu a si mesmo, pois saído do seu papel de nos defender, caiu na falta de sentido, na falta de identidade. Por que precisamos de prefeito, se ele ali esta para defender os interesses de nossos opositores? Como dizia uma frase pixada por anarquistas na Espanha: “que se votem eles (os políticos)”.
                O mais incômodo no episódio do cais, não é apenas que em grande maioria os vereadores votaram contra os eleitores, contra a cidade, contra a população que os elege. O mais incômodo foi que os vereadores “lideraram” o projeto. Sabendo da semvergonhisse e impopularidade de seus atos, gestaram o projeto “em segredo”, e votaram em momento –um dia antes do feriado de natal- que não desse para discutir mais a votação. Estes detalhes mostram que os políticos sabiam-se fora de seu papel de defender o interesse público.
O mais incômodo, é que os políticos foram produtores de mentiras e engambelações de toda ordem para iludir o povo , sabendo que eram idéias que apenas estavam ali para o lucro pessoal deles políticos. Como diz o Millor: desconfio de quem lucra com seus ideais.  São mentiras criada pela camarilha que roubou da população de Porto Alegre a posse sobre o cais: a) o custo de 500 milhões (quando o custo não chega a um milhão); b)o uso para a copa (quando se sabe da inclemência do Minuano em Julho, não haverá como usar a região no inverno); c) a imagem de que a região ficará igualzinho ao porto Madeiro, em Buenos Aires (quando no porto Madeiro não tem dois espigões dentro do rio, duas torres gêmeas, cada uma com 38 andares, dentro do rio, atraindo centenas de automóveis para engarrafamentos e gerando kilos de esgoto. Também não tem um shoping amesquinnhado o cartão postal. Pelo atual projeto, a inspiração é menos o porto Madeiro, e mais o porto de Itajai).
O que a quadrilha de políticos finge não se dar conta, é que se uma região é um cartão postal, ao se construir quatro prédios “dentro” do cartão postal, esta região deixa de ser um cartão postal, e virá coisa alguma.  (Se o central park fosse tomado por prédios, avenidas e comércio, ele deixaria de ser o central park). O presente projeto se auto-inviabiliza, pois ao enfeiar o que poderia ser embelezado, ele se torna comercialmente burro. Sendo um profissional liberal, eu teria vergonha de ter uma sala ecologicamente muito agressiva e nas redondezas da rodoviária. É ruim de pensar que o atual projeto, no lugar de revitalizar a área, vai terminar de matá-la, é um projeto de Eutanásia, ou “remortificação do cais”. Se prédio de escritórios revitalizasse, a avenida Júlio de Castilhos seria o Leblon.
SE o papel da classe política é cuidar dos interesses do povo, e o que ela promove é uma alegre  e camuflada “enrabação” do seus eleitores, temos que pensar que a democracia não esta atendendo os seus propósitos. O fato de haver rodízio no poder, parece apenas rodízio em quem submete analmente a população: muda quem nos enraba, mas não o ato de enrabar. Não parece interessante o rodízio assim, ou antes, apenas rodízio não muda o ato de fazer a população sofrer. Isso não combina com meu ideal de democracia...
Os políticos saíram de seu papel de cuidar de nossos interesses contra o poder do capital e passaram a cuidar de seus interesses, fazendo o mal a seus eleitores. Em tudo e por tudo essa perda de identidade dos políticos lembra a pedofilia: quem deveria cuidar, agride e corrompe. Quem tem o papel de proteger, se vale desta relação de confiança para destruir a confiança. A excitação sexual do pedófilo, em particular na pedofilia intra-familiar, vem seguramente das inverções de expectativas: o que era amor vira destruição, o que era cuidado vira desamparo, o que era confiança vira medo, o que era para ser é destruído. A vítima perde (inviabiliza muitos vezes a sexualidade adulta, gera psicopatologia), mas o pai também perde sua humanidade e seu papel de pai. O amor (querer o bem do outro sem ganho para si, segundo o dicionário) vira prazer de destruir, sadismo, e deixa de ser amor.  Na pedofilia que presentemente vemos por parte dos políticos, quem deveria cuidar, lidera o assalto. A raposa esta cuidando do galinheiro. O político que entrega a chave das áreas públicas para o capital destruir, esta deixando de ser um zelador da área pública. Esta se corrompendo em seu papel de cuidar, esta se valendo de seu poder para trair o seu papel de proteger. O político que vota em um projeto assim, deixa de amar (querer o bem do outro, no caso a população) e passa a ter prazer em destruir. O prazer não esta mais em fazer o castelo de areia, mas esta em chutá-lo.
Sentado em casa, após uma sessão assim na câmara, em frente ao espelho da penteadeira, cuja a gaveta esta recheada de jóias e dólares, o político pedófilo se vê no espelho. É noite de natal, um travo amargo nubla o prazer de se sentir “esperto”- tenho uma pajero na garagem- que o ilícito traz. Ele sabe que quem chuta o formigueiro, nunca se sente produtivo, construtivo. Quem chuta o formigueiro tem prazer, mas não paz no coração. Ele sabe que mais do que corromper os outros, é a si mesmo que a corrupção se gruda. Ele nega para si a percepção da dor moral, mas ela vem como certeza de que ficou menor. Tomando a chave de sua pajero sai para uma volta pelo gasômetro, para ver a árvore de natal, para ver as melhorias que a Pepsi fez no gasômetro, mas não convida os filhos, não tem coragem de convidar os netos para ir junto: os netos estão sozinhos vendo o dicovery kids. Ele não teria onde levar os netos, que não passasse por abrir a carteira. Se só cenários de consumismo existem, o avô é menos uma pessoa e mais uma carteira. Ele tem –claro- a carteira cheia, mas não levanta o olhar para o neto. O político na noite anda com sua pajero vazia, o político enriquecido pelo sigilo e pelo capital não chegará a Jucelino, e no seu obituário constará: foi vereador de Porto Alegre por uma legislação, se envolveu na aprovação das torres gêmeas. O político não chegará na árvore de natal: um absurdo engarrafamento na rodoviária o prenderá até o amanhecer do dia 25 em plena Mauá. A enchente de 41 o prenderá em um rio marrom de esgoto. A polícia federal o prenderá em algum momento. A insignificância de suas ações o prenderá em uma irrelevância aos seus contemporâneos. Não existe dinheiro que compre caráter, em geral muito antes pelo contrário. Não existe amor de neto quando o valor que se passa para o neto é o materialismo. E um grupo de torcedores bêbados de um pais improvável passa de volta para seu hotel de beira de rodoviária.

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