Cais Maua

Em defesa de uma parceria público privada em que o que seja público siga-o, e o que é da privada, siga-a!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

a greve das ovelhas anencéfalas


Hoje, dia 6 de 12 de 2010, termina minha greve de um ano sem comprar Zero Hora. Confesso que é com satisfação que vou até a banca e, ato prosaico, compro o jornal. É complicado ficar sem ler jornal, jornal local, por um tempo tão grande: perdemos obituários, perdemos eventos culturais, concursos. Também tem algumas colunas interessantes, como a do Verissimo e uma outra sobre mitologia grega, do Moreno, que perdemos. Foi um ano ruim, principalmente pois a qualidade dos demais jornais é ainda pior.
                Tomei a decisão de greve de Zero Hora pois por esta época, em 2009, estava em votação na camara de vereadores, a doação do cais do porto público para construtoras lotearem e criarem shopings privados e edifícios privados na orla do Guaiba. Na ocasião, este jornal se comportou da forma mais decepcionante possível: além de não denunciarem o abuso que semelhante proposta significava – e significa- para nossa cidade, ainda faziam o mais vibrante marketing da entrega: publicavam maquetes falsas, com escalas distorcidas, que eram quase peças publicitárias, tomavam partido, escamoteavam oposições. O jornal vendeu o loteamento de uma área pública para população, com vibrante partidarismo na contenda.
                Ficar sem ler jornal foi complexo, o pior é que o Correio do Povo também faz a mesma “venda” do projeto das construtoras como a redenção da vida na cidade. Mas saber que a greve é um instrumento novo de pressão sobre a linha editorial me foi muito agradável. Recomendo a todo leitor que sentir tratado como uma ovelha anencéfala, que faça o mesmo: não compre o jornal por uma temporada, sempre mandando carta ao editores. A greve econômica é um instrumento potente, provavelmente o mais potente para inibir imposições editorais revoltantes.
                Além fazer greve contra arbitrariedade e abuso do poder de monopólio, o Rio Grande precisa com urgência despertar para o seu mais grave problema: a inexistência de imprensa no estado. A falta de um jornal, ou melhor, de mais de um jornal, empobrece o estado: não temos jornalismo investigativo, não temos política de boa qualidade, não temos debate. O exemplo do tema do cais ilustra bem: a versão acrítica e oficialista, vinda diretamente dos vereadores que criaram o projeto de entregar o cais para as empreiteiras, era a imposta pelo jornal.
                Precisamos fundar a opinião novamente entre nós. Precisamos rever esse clima algo Matrix, de uma entidade como semelhante monopólio de verdade e versão, impondo a realidade filtrada para toda uma população iludida. Minha greve me fez me sentir um Keanu Reeves, agora temos que libertar nossos irmão da Zero Hora, antes que ela ponha o Parcão para vender para a Maiojama (e o que mais me assusta,que a população ache que esssa venda esteja bem!)

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