Cais Maua

Em defesa de uma parceria público privada em que o que seja público siga-o, e o que é da privada, siga-a!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Essa "imundícia" no cais não passará!



                Como uma republiqueta da America Latina, temos um pouco de respeito indevido, quase crédulo, com o que é formal. Nada mais natural que os cleptocratas municipais unidos aos tubarões das construtoras, em alegre complacência do grupo RBS, tenham se apressado a dar ao horroroso projeto do cais, um adjetivo de “já decidido”, ou “caso encerrado”. Com a votação do dia 21 majoritariamente favorável ao projeto, pretendem dar ao povo a noção de que esta é uma matéria seríssimamente “já decidida”, portanto daqui para frente fora de discussão. Não é bem assim.  Não podemos acreditar neste encerramento, e como população, temos que deixar mais claro que não sentimos o projeto acabado. Nossa estratégia bem pode ser a seguinte:
1-      Prestigiar o abaixo assinado online contra a este projeto. O site do abaixo assinado é http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/5406 e muita gente não assina pois pede número do CPF e de título de eleitor. De fato, a internet é perigosa demais mesmo para por números que podem ser usados para golpes: faça assim, ponha nos campos de CPF e eleitor, números quaisquer, e ponha seu nome completo nas observações. Em uma eventual averiguação de veracidade de assinaturas, com 1 minuto de Google, se poderá achar email e contatos de todos nós.
2-      Em 2010, os dois principais autores do projeto do cais estarão na vitrine concorrendo a governador (Yeda e Fogaça). Ao mesmo tempo, o tema ecológico será a “bola da vez” dos temas eleitorais. Faça como nós:
a.       Só vote em candidato a governador que declarar que vai “auditar” o projeto do cais: vale dizer, que estude como Yeda acreditou um dia que a revitalização seria tão cara (500 milhões, ou cinco mega senas de ano novo), que só vendendo umas partes para custear a megalomania suspeita. Vote em candidato que declare que vai auditar como que o estado não tem dinheiro para fazer uma praça pública na área. Que audite, como não foi pensado em conseguir dinheiro da iniciativa privada apenas no uso dos galpões, sem prédios blader runner arrepiando o paisagismo.
b.      O tema do cais curiosamente esteve ausente dos debates das eleições para prefeito e vereador em 2008. Provavelmente pois a maioria dos partidos da cleptocracia local devia favor as incorporadoras que babam pelo projeto. Não vamos permitir que o tema não ganhe evidência nas eleições de 2010. Vamos transformar este projeto que em si é um escândalo, nisso mesmo: em um escândalo político, com desgaste de quem o defende. Precisamos colar no hábil Fogaça, que adota a política da invisibilidade, a autoria – que de fato lhe corresponde, e ele habilmente não assume- dessa imoralidade: ele terá que confirmar/desmentir a paternidade, diante de reinterados testes de DNA, deste Frankenstain revitalizado. Provavelmente Yeda não negará a maternidade do projeto, mas uma discussão sobre de onde ela teria tirado a cifra de 500 milhões (dito custo da revitalização), pedra angular –e pressuposto falso- de toda a argumentação, a deixaria acuada politicamente: os quinhentos milhões são um chute nas nuvens, é um suposto custo de valor improvável de ser acreditado por um eleitorado medianamente crítico.
c.       Tenha em mente como cada vereador votou neste projeto do cais e no do estaleiro. Eles costumam pretender seguir carreira política, temos que deixar claro que somos vingativos, que temos memória, e que não somos a Paraiba, com grande porção de eleitores com baixa escolaridade. O projeto foi aprovado com 29 votos favoráveis, e votaram contra apenas os vereadores Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Maria Celeste (PT), Lúcio Barcelos (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL). Precisamos prestigiar estes cinco políticos. Precisamos cobrar os outros 29, com mais ênfase, uma agenda ecológica, sustentável e não privatizadora para o cais. Se o seu vereador retirou de você o atual direito de posse sobre esta área pública e entregou para amigos empreiteiros dele, ele precisa discutir com você esta conduta.

3-      O projeto de Shoping e de prédio de escritório é um projeto comercial. Vale dizer, tem que ser simpático ao consumidor, tem que ser simpático ao investidor. Um movimento online e mesmo de boca-boca contra a iniciativa vai arrepiar qualquer investidor mediano. O Fôrum social mundial será uma bela oportunidade de internacionalizar a oposição a esta agressão ao meio ambiente, e poderemos alertar tanto as pessoas, quanto principalmente os investidores desta urbanização imoral da orla, que o projeto conta com a antipatia da população. Se nossa geração não consegue fazer coisas belas ali, que pelo menos não se façam coisas mal assombradas: as novas gerações que façam mais que a nossa.
4-      Tenha informações no blog : http://caismaua.blogspot.com


Assim, seja com o abaixo assinado que deverá seguir posteriormente para o Ministério público, seja na via política, exigindo que o tema seja cobrado e rediscutido na campanha de 2010, seja na via do marketing comercial, minando a simpatia dos consumidores e investidores de shoping e de prédio de escritório, não vamos pensar a imundícia como um caso encerrado. Já amargamos uma geração toda com o muro, não podemos permitir este “novo muro”, uma segunda camada de muro da Mauá.
O projeto não passará! A realidade não é feita de formalismos imorais, como a votação do dia 21; é feita de pessoas. E todo o poder emana das pessoas, não da Camargo Côrrea. No mundo não existem combinações, nem regras, nem torres gêmeas, apenas pessoas. E atos humanos não são pétreos, são sim tão passíveis de auditar e descombinar, quanto um casamento, quanto uma vigarice, quanto um muro de Berlim. Vamos nos insurgir contra a segunda camada do muro da Mauá, esta ainda mais alta. Temos que tirar a política da mão dos políticos,  a informação da mão dos meios de comunicação, e o poder da mão do capital.


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