
O Hotel Copacana Palace é um primor! Além do prédio ser bonito, esta defronte da praia de Copacabana. Diante dele está o calçadão de Copacabana, desenhado por Burle Marx, nos anos 1970, quando da “revitalização” da avenida Atlântica”. O calçadão se alonga por diversos Km, deve ter uns 500 metros de largura, é feito em pedra portuguesa com um desenho suave, que convida a refletir sobre a ondulação do mar. Entre o calçadão e o hotel estão as diversas pistas da avenida Atlântica (também ela desenhada por Burle Marx), e obviamente que entre o calçadão e o mar está a areia da praia. O hotel é bonito, mas o entorno torna tudo mais suave, o hotel em sua imponência esta bem posicionado com a imponência do entorno. Tudo é monumental, o prédio e a urbanização defronte do prédio.
Portanto o hotel Copacabana Palace não esta boiando dentro do oceano, sobre palafitas. Não esta na areia da praia, antes da calçada. Não temos um trecho de calçada, com hotéis semeados no meio da calçada, pois interromperia a caminhada, o passeio, a reflexão, a monumentalidade visual da praia.
Em Porto Alegre, o principal problema estético do projeto do Cais do Porto é que os espigões de hotéis e escritórios estariam dentro do rio, antes do passeio público, ou entre o passeio público e a atração, o rio. Os prédios deixariam algum eventual visitante sem ver o rio, sem tomar sol (salvo ao meio dia) Algo seguramente inédito no mundo. E o arquiteto que desenhou o projeto não é do escritório de Burle Marx, mas sim um cacique da política, do PMDB.
Acreditamos que semelhante projeto não vai embelezar a região. Na verdade, embelezar a região é complexo, pois os prédios que já estão na Mauá são feios, o trem ali é outro fator de enfeiamento, mas ainda há o que está atrás do muro, que pode ser trabalhado para ser um local bonito para levar turistas. Se desejamos atrair turistas, o grau de complexidade do projeto urbanístico pede cautela. Pede competência profissional, pede muita arte. O projeto que aí está - pelo amor de Deus-, é pura cobiça mercantilista sem qualquer qualidade, muito menos monumentalidade. É um desesperado “apropriar-se” por particulares (com o “suspeito” e inusual entusiasmo de alguns gestores públicos) de um local com uma vista, mas destruindo a beleza do local. Portanto é um projeto que na sua cobiça é destrutivo para si mesmo, um chamado tiro no pé: se a construtora Maguefa de hoje fizer ali setenta prédios de luxo, o local vai ficar tão desinteressante para o consumidor do produto (hotel ou escritório), que provavelmente continue degradado. E o aproveitamento para o turista será nulo, o aproveitamento para o luxo também será nulo, pois o local não será nenhum calçadão de Copacabana, portanto o nosso Hilton nunca será um Copacabana Palace.
Hoje Porto Alegre não tem relevo no circuito turístico brasileiro. Somos, segundo dados da Embratur de 2003, o sétimo destino de turistas internacionais do pais. Ficamos depois de Búzios e de Foz do Iguaçu. Você já se perguntou o por que ninguém nos visita? Por que não temos locais bonitos. A iniciativa pública tem que construí-los, como fez o Colares com a avenida que passa dentro do Parque Marinha. Como fez o PT ao tiras as bibocas da praia de Ipanema. Temos 5% do movimento dos turistas internacionais. O Rio de Janeiro, seguramente como conseqüência de trabalhos semeados no passado, como o calçadão de Copacabana feito na década de 1970, recebe quase 50% desses turistas, é o primeiro destino. Sempre que a mídia nos brinde com algum projeto de “revitalização” do cais Mauá, devemos em primeiro lugar nos perguntar: Essa idéia vai contribuir para nos tirar do 5% e aumentar a indústria de turismo em Porto Alegre? O atual projeto do Cais vai apenas nos afundar para a vigésima posição.
O projeto que aí esta seguramente não ajudaria. Por destruir o paisagismo do local, por simplesmente dar para a iniciativa privada as áreas, por não propor coisa alguma pública (nem teatro para a Ospa, nem Museu de Arte Moderna, nem passeio público, nem praia coletiva como os parisienses organizaram na beira do Sena), e por sugerir que o que é nossa “esperança” –como outro dia dizia um articulista da Zero Hora- é construir na área prédios privados e de luxo, o projeto é apenas uma rapina de uma quadrilha de construtores. Podemos chamá-lo de projeto Dubai, devido aquela parte dos hotéis flutuantes, mas não podemos chama-lo de um projeto inteligente para atrair turismo, pois é muito feio. E esperança nós temos que Porto Alegre deixe de ter apenas um jornal.
Precisamos um projeto que tenha mais monumentalidade, como o projeto do calçadão de Copacabana, que tenha mais ênfase em cultura, como o projeto da feira do livro na região, como o projeto do Museu de arte Contemporânea. Não precisamos de um projeto apenas comprometido com o lucro de algumas cadeias de hotéis de luxo. Portanto mais cultura e menos lucro. O projeto Mauá-Dubai não passará (Como diria La Passionara)! Se a nossa geração não tem uma idéia boa para o local, deixemos a região para a próxima geração pensar em algo melhor. Somos de uma geração que tem uma camarilha de gestores, que seguramente não vão ser tão ruins na próxima geração. Mas entregar para o PMDB fisiologista do Sr Jaime Lerner destruir, não vai dar. Todos contra o projeto Mauá-Dubai! Fogaça e Yeda, não precisamos de mais sustos, já tivemos o bastante.
CARA O QUE E COMO NOS PODEMOS FAZER PARA EVITAR A PRIVATIZAÇÃO DA ORLA GO GUAIBA? MAS TAMBÉM NÃO ADIANTA DEIXAR COMO TA
ResponderExcluirComo esta esta bem: temos um passeio, um estacionamento enorme, salas imensas para convenções e um amplo centro de eventos, que é um sucesso imenso de satisfação e público, sempre com enfase na cultura: feira do livro, bienal, etc.. O que mais faltaria para chamar o local de "vivo"? Um restaurante e um parque cheio de árvores, meia dúzia de bancos de praça, e um vigia para noite, o que não custariam aos cofres nem o salário de 1 ou 2 CC da camara de vereadores, entendeu?
ResponderExcluirAbraço, movimento cho-RBS-do-cais.